Parafilias
As parafilias são expressões anormais da sexualidade, que podem variar de um comportamento quase normal a um comportamento destrutivo ou danoso somente para a própria pessoa ou também para o parceiro, até um comportamento considerado destrutivo ou ameaçador para a comunidade como um todo. (Não quero aqui dizer que toda a parafilia é crime, mas sim, que tais transtornos geralmente estão presentes no comportamento de criminosos sexuais). A revisão de texto do (DSM-IV-TR) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais,aborda essas diferenças, designando os impulsos de pedofilia, frotteurismo, voyeurismo, exibicionismo e sadismo sexual como significativos do ponto de vista clínico se a pessoa age de acordo com tais fantasias ou se as mesmas causam acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. As demais parafilias, como fetichismo, travestismo fetichista e masoquismo sexual ou aquelas sem outra especificação, como a zoofilia, satisfazem os critérios para importância clínica somente se causam sofrimento acentuado ou comprometimento social, ocupacional ou de outras áreas importantes do funcionamento, mesmo se os impulsos foram expressos de maneira comportamental. Os impulsos parafílicos podem ocorrer em situações raras, intermitentes ou compulsivas, e podem ser incidentais ou oferecer a única via de expressão da sexualidade.
Um fantasia especial, com seus componentes inconscientes e conscientes, é o elemento patognomônico da parafilia, com excitação sexual e orgasmo como fenômenos associados que reforçam a fantasia e o impulso. A influência dessas fantasias e suas manifestações comportamentais muitas vezes vão além da esfera sexual e atingem toda a vida da pessoa.
As principais funções do comportamento sexual humano são auxiliar a formação de laços, criar prazer mútuo em cooperação com um parceiro, expressar e aumentar o amor entre duas pessoas e procriar. As parafilias são comportamentos divergentes, na medida em que envolvem agressão, vitimização e extremo individualismo. Os comportamentos excluem ou prejudicam o outro e perturbam o potencial de formação de laços interpessoais.
A EPIDEMIOLOGIA
As parafilias são praticadas são praticadas apenas por uma pequena porcentagem da população mundial, mas sua natureza insistente e repetitiva resulta em alta recorrência. Por isso, uma grande proporção da população foi vitimizada por pessoas com parafilias. O DSM IV-TR sugere que a prevalência é bem mais alta do que o número de casos diagnosticados em instituições clínicas gerais, com base no grande mercado de pornografia e parafernália parafílica.
Entre os casos legalmente identificados de parafilia, a pedofilia é a mais comum. De 10 a 20% de todas as crianças foram molestadas até os 18 anos de idade. Como no caso da pedofilia a criança é o objeto, o ato é visto com mais seriedade, e são feitos esforços maiores para localizar os culpados do que em outras parafilias. Pessoas com exibicionismo que se mostram publicamente para crianças também costumam ser presas. Aquelas com voyeurismo podem ser presas, mas seu risco não é grande. Vinte por cento das mulheres adultas já foram alvo de pessoas com exibicionismo e voyeurismo. O masoquismo e o sadismo sexuais são sub representados em qualquer estimativa de prevalência. Este último costuma ganhar atenção somente em casos sensacionalistas de estupro, brutalidade e assassinatos por luxúria. As parafilias excretórias raramente são relatadas, uma vez que a atividade tende a acontecer de forma consensual entre adultos ou entre prostitutas e seus clientes. Pessoas com fetichismo raramente se envolvem com o sistema legal. Aquelas com travestismo fetichista podem ser presas por perturbar a paz ou por outras acusações menores se forem homens vestidos com roupas femininas, mas a prisão é mais comum entre aquelas com transtorno de identidade de gênero. A zoofilia como uma verdadeira parafilia é rara.
Conforme a definição habitual, as parafilias parecem ser, em grande parte, condições masculinas. O fetichismo quase sempre ocorre em homens. Mais de 50% de toas as parafilias tem início antes dos 18 anos de idade, e os pacientes costumam ter de 3 a 5 parafilias, sejam concomitantes ou em diferentes momentos de suas vidas. Esse padrão de ocorrência é mais comum no exibicionismo, no fetichismo, no masoquismo sexual, no sadismo sexual, no travestismo fetichista, no voyeurismo e na zoofilia. O comportamento parafílico tem seu pico entre 15 e os 25 anos, os atos criminosos de parafilia são raros, e os que ocorrem são praticados em isolamento ou com um parceiro cooperativo.
FATORES PSICOSSOCIAIS
No modelo psicanalítico clássico, pessoas com uma parafilia não chegaram a completar o processo normal de desenvolvimento que leva ao ajustamento heterossexual. No entanto, esse modelo foi modificado por novas abordagens psicanalíticas. O que distingue uma parafilia de outra é o método escolhido pela pessoa (em sua maioria homens) para lidar com a ansiedade causada pela ameaça de castração por parte do pai e da separação por parte da mãe. Por mais bizarra que seja sua manifestação, o comportamento resultante oferece uma válvula de escape para impulsos sexuais e agressivos que, de outra forma, seriam canalizados para o comportamento sexual apropriado.
O fracasso em resolver a crise edípica mediante a identificação com pai-agressor (para meninos) ou a mãe-agressora (para meninas) resulta ou na identificação imprópria com o genitor do sexo oposto ou em uma escolha inadequada do objeto para a catexia da libido. A teoria psicanalítica clássica sustenta que o transexualismo e o travestismo fetichista são transtornos porque envolvem a identificação com o genitor do sexo oposto e não com o do mesmo sexo; por exemplo, acredita-se que o homem que se veste com roupas femininas se identifique com a mãe. O exibicionismo e o voyeurismo podem ser tentativas de acalmar a ansiedade de castração. O fetichismo é uma forma de evitar a ansiedade deslocando os impulsos libidinosos para objetos impróprios. Alguém com fetiche de sapatos inconscientemente nega que as mulheres tenham perdido seu pênis através da castração ligado sua libido a um objeto fálico, o sapato, que simboliza o pênis feminino. Pessoas com pedofilia e sadismo sexual têm necessidade de dominar e controlar suas vítimas para compensar sentimentos de impotência durante a crise edípica. Alguns teóricos acreditam que escolher uma criança como objeto de amor é um ato narcisista. Pessoas com masoquismo sexual superam o medo de ferimentos e a sensação de impotência demonstrando que são imunes a danos. Outra teoria propõe que o masoquista direciona a agressividade inerente a todas as parafilias para si mesmo. Embora avanços recentes da psicanálise deem mais ênfase ao tratamento dos mecanismos de defesa do que dos traumas edípicos, a terapia psicanalítica para pacientes com parafilias continua a ser consistente com a teoria de Sigmund Freud.
Outras teorias atribuem o desenvolvimento de uma parafilia a experiências precoces que condicionam ou socializam as crianças de forma a cometerem atos parafílicos. A primeira experiência sexual compartilhada pode ser importante neste aspecto, e o molestamento na infância pode predispor a pessoa a aceitar um abuso continuado na vida adulta ou, ao contrário, a se tornar abusadora. Além disso, experiências precoces de abuso que não são especificamente sexuais, tais como espancamentos, enemas ou humilhação verbal, podem ser sexualizadas e formar a base de uma parafilia. O início dos atos parafílicos pode resultar da modelagem do comportamento a partir do contato com outros que realizaram atos parafílicos, imitação do comportamento sexual mostrado na mídia ou recordação de eventos emocionalmente significativos, como o próprio molestamento. A teoria da aprendizagem indica que, como as fantasias de interesse parafílico começam em uma idade precoce e não são compartilhadas com outros (que poderiam bloqueá-las ou desencorajá-las), as fantasias e os impulsos parafílicos continuam sem inibição até um período posterior da vida. Somente então a pessoa começa a perceber que tais interesses não são consistentes com as normas sociais. Entretanto, a essa altura, o uso repetitivo das fantasias já está enraizado e os pensamentos e comportamentos sexuais se tornaram associados ou condicionados às fantasias parafílicas.
FATORES BIOLÓGICOS
Diversos estudos identificaram achados orgânicos anormais em pessoas com parafilias, mas ainda não existe uma confirmação se tais anormalidades estão relacionadas de forma causal com os interesses parafílicos ou são achados incidentais sem qualquer relevância para o desenvolvimento da parafilia. Entre as anormalidades orgânicas encontradas estão:
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Níveis anormais de hormônios
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Sinais neurológicos maiores ou menores
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Anormalidades cromossômicas
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Convulsões
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Dislexia
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Eletroencefalogramas anormais
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Transtornos mentais maiores
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Deficiências mentais
CARACTERÍSTICAS DAS PARAFILIAS
Exibicionismo: Este é um impulso recorrente de expor os genitais a um estranho ou a uma pessoa desavisada. A excitação sexual ocorre em antecipação à exposição, e o orgasmo é ocasionado pela masturbação durante ou após o evento. Em quase 100% dos casos, os exibicionistas são homens que se expõem a mulheres. Sua dinâmica é afirmar a masculinidade exibindo o pênis e observando as reações da vítima – medo, surpresa e repulsa. Nessa situação os homens sentem-se inconscientemente castrados e impotentes. Suas esposas muitas vezes substituem as mães às quais eles eram excessivamente apegados durante a infância. Em outras parafilias relacionadas, os temas centrais envolvem derivados de olhar ou exibir.
Fetichismo: Neste caso, o foco sexual está em objetos (sapatos, luvas, meias) associados intimamente ao corpo humano. O fetiche em particular está ligado a alguém intimamente envolvido com o paciente durante a infância e tem uma qualidade associada a essa pessoa amada, necessária ou até mesmo traumatizadora. Em geral, o transtorno começa na adolescência, embora possa ter se estabelecido na infância. Depois de efetivado, tende a ser crônico. A atividade sexual pode ser direcionada para o fetiche em si (masturbação com ou dentro do sapato), ou este pode ser incorporado ao intercurso sexual (exigência de que sejam usados sapatos de salto alto). O transtorno é quase exclusivamente encontrado em homens. Segundo Freud, tal condição serve como um símbolo do falo para pessoas com medos inconscientes de castração. Os teóricos da aprendizagem acreditam que o objeto foi associado à estimulação sexual em uma idade precoce.
Frotteurismo: Costuma ser caracterizado pelo ato de um homem esfregar seu pênis contra as nádegas ou outras partes do corpo de uma mulher totalmente vestida para alcançar o orgasmo. Em outros casos, pode-se usar as mãos para esfregar uma vítima desavisada. Os atos tendem a ocorrer em lugares muito cheios, em especial metrôs e ônibus. Homens com frotteurismo são extremamente passivos e isolados, e esse ato muitas vezes é sua única fonte de gratificação sexual. A expressão da agressividade nessa parafilia fica logo aparente.
Pedofilia: Esta parafilia está descrita na página deste blog especialmente destinada à esse transtorno, verifique no menu acima ou clique aqui.
Masoquismo sexual: O masoquismo deve seu nome às atividades de Leopold von Sacher-Masoch, um romancista austríaco do século XIX, cujos personagens derivavam prazer sexual de serem abusados e dominados por mulheres. Segundo o DSM-IV-TR, pessoas com masoquismo sexual têm uma preocupação recorrente com impulsos e fantasias sexuais envolvendo o fato de serem humilhadas, espancadas, amarradas ou de alguma outra forma submetidas a sofrimento. As práticas sexuais masoquistas são mais comuns entre homens do que entre mulheres. Freud acreditava que esse comportamento resultasse de fantasias destrutivas voltadas para o self. Em alguns casos, as pessoas só podem se permitir experimentar sentimentos sexuais quando estes forem seguidos de uma punição. Pessoas com o transtorno podem ter tido experiências infantis que as convenceram de que a dor é um pré requisito para o prazer sexual. Cerca de 30% dos portadores de masoquismo sexual também têm fantasias sádicas. O masoquismo moral envolve a necessidade de sofrer, mas não é acompanhado de fantasias sexuais.
Sadismo sexual: O início deste transtorno em geral acontece antes dos 18 anos de idade, e a maioria das pessoas que o apresentam são homens. Segundo a teoria psicanalítica, o sadismo é uma defesa contra o medo da castração; as pessoas afetadas fazem com outras o que temem que vá acontecer com consigo mesmas e derivam prazer de expressar seus instintos agressivos. O transtorno foi batizado com o nome do Marquês de Sade, um autor francês do século XVIII repetidamente preso por seus atos sexuais violentos contra mulheres. O sadismo sexual está relacionado ao estupro, embora este seja considerado uma expressão de poder. Alguns estupradores sádicos, no entento, matam suas vítimas após o sexo (os ditos assassinos por luxúria). Em muitos casos, essas pessoas têm esquizofrenia subjacente. John Money acredita que os assassinos por luxúria tenham transtorno dissociativo de identidade e talvez história de trauma encefálico. Lista cinco causas que contribuem para o sadismo sexual: predisposição hereditária, mau funcionamento hormonal, relacionamentos patológicos, história de abuso sexual e presença de outros transtornos mentais.
Voyeurismo: O voyeurismo, também conhecido como escofilia, é a preocupação recorrente com fantasias e atos que envolvem observar pessoas que estão nuas, ou se vestindo ou em atividade sexual. A masturbação até o orgasmo geralmente acompanha ou segue-se ao evento. O primeiro ato do tipo costuma ocorrer durante a infância, e é mais comum em homens. Quando pessoas com voyeurismo são presas, a acusação geralmente é de vadiagem.
Travestismo fetichista: É descrito como fantasias e impulsos sexuais de vestir-se com roupas do sexo oposto como meio de excitação e como adjuvante da masturbação ou do coito. O travestismo fetichista começa na infância ou no início da adolescência. À medida que os anos passam, alguns homens com o transtorno querem vestir-se e viver como mulheres. Com mulheres, tal comportamento é mais raro. Essas pessoas são classificadas no DSM-IV-TR como portadoras de travestismo fetichista e disforia quanto ao gênero. Em geral, usam mais de um artigo de vestuário so sexo oposto; com frequência, um guarda-roupa inteiro está envolvido. Quando um homem com travestismo fetichista está vestido de mulher, sua aparência de feminilidade pode ser notável, embora não no mesmo grau encontrado no transexualismo. Quando não estão vestidos com roupas de mulher, os homens com o transtorno podem ser hipermasculinos em aparência e ocupação. O transtorno pode variar de um ato solitário, deprimido e cheio de culpa até um estilo de vida egossintônico com inserção social em uma subcultura de travestismo. A condição clínica manifesta de travestismo fetichista pode começar na fase de latência, mas é vista com maior frequência em torno da puberdade ou na adolescência. A prática explícita de vestir-se com roupas do sexo oposto em geral não principia até que a modalidade e a relativa independência dos pais estejam bem estabelecidas.
Parafilia sem outra especificação: A classificação de parafilia sem outra especificação inclui parafilias variadas que não satisfazem os critérios para nenhuma das categorias já mencionadas.
As pessoas também usam redes interativas de computador, às vezes de maneira compulsiva, para mandar mensagens obscenas por correio eletrônico e transmitir imagens sexualmente explícitas. Devido ao anonimato dos usuários nas salas de bate papo, o sexo on-line (cybersex) permite a algumas pessoas desempenhar o papel do sexo oposto, o que representa um método alternativo de expressar fantasias de travestismo e transexualismo. Um dos perigos dessa prática é que os pedófilos a utilizam com frequência para fazer contato com crianças ou adolescentes, que são convencidos a encontra-los pessoalmente, sendo então molestados. Muitos contatos por computador se transformam em relacionamentos off line. Embora algumas pessoas relatem que os encontros frente a frente geram relacionamentos significativos, a maioria desses encontros é cheia de decepção e desilusão, pois a pessoa fantasiada não consegue satisfazer as expectativas inconscientes de perfeição. Em outras situações, quando adultos se encontram, podem ocorrer estupros ou até mesmo homicídios.
Escatologia por telefone ou computador: A escatologia por telefone se caracteriza por telefonemas obscenos e envolve um parceiro desavisado. A tensão e a excitação começam em antecipação da chamada; quem recebe a chamada escuta enquanto a pessoa que chama (geralmente homem) expõe suas fantasias ou a induz a falar sobre sua atividade sexual. A conversa é acompanhada de masturbação, que tende a ser consumada depois que o contato é interrompido.
Necrofilia: A necrofilia é a obsessão em obter gratificação sexual através de cadáveres. A maioria das pessoas com esse transtorno encontra cadáveres em necrotério, mas se sabe de algumas que roubaram túmulos ou até mesmo assassinaram para satisfazer seus impulsos sexuais. Nos poucos casos estudados, os indivíduos acreditavam que estavam impondo a maior humilhação concebível para suas vítimas mortas. Segundo Richard von Krafft-Ebing, o diagnóstico de psicose justifica-se em todas as circunstâncias.
Parcialismo: Pessoas com transtorno de parcialismo concentram sua atividade sexual em uma parte do corpo e excluem todas as demais. O contato oral com os genitais – como cunilíngua (contato oral com os genitais externos de uma mulher), felação (contato oral com o pênis) e o anilíngua (contato oral com o ânus) – costuma estar associado às preliminares. Freud reconheceu as superfícies mucosas do corpo como erotogênicas e capazes de produzir sensações prazerosas, mas quando uma pessoa usa essas atividades como única fonte de gratificação sexual e não consegue ou se recusa a ter o coito, existe uma parafilia. Essa também é conhecida como oralismo.
Zoofilia: Na zoofilia, animais – que podem ser treinados para participar – são incorporados nas fantasias de excitação ou atividades sexuais, incluindo intercurso, masturbação, contato oral-genital. A zoofilia como parafilia organizada é rara. Para muitas pessoas, os animais são a principal fonte de relacionamento, e por isso não surpreende que uma ampla variedade de animais domésticos sejam usados de forma sensual ou sexual. Relações sexuais ocasionais com animais podem dever-se à disponibilidade ou à conveniência, especialmente em partes do mundo onde convenções rígidas impedem a sexualidade pré-conjugal e em situações de isolamento forçado. Como a masturbação também está disponível nessas situações, a predileção pelo contato animal constitui um zoofilia oportunista.
Coprofilia e Clismafilia: A coprofilia é o prazer sexual associado ao desejo de defecar no parceiro, de que o parceiro defeque na pessoa ou de comer fezes (coprofagia). Uma variante é a vocalização compulsiva de palavras obscenas (coprolalia). Essas parafilias estão associadas à fixação no estágio anal do desenvolvimento psicossexual. Da mesma forma, a clismafilia, o uso de enemas como parte de estimulação sexual, está relacionada à fixação anal.
Urofilia: A urofilia, uma forma de erotismo uretal, é o interesse no prazer sexual associado ao desejo de urinar no parceiro ou de que o parceiro urine na pessoa. Tanto em homens como em mulheres, o transtorno pode estar associado a técnicas masturbatórias envolvendo a inserção de objetos na uretra para estimulação sexual.
Hipoxifilia: É o desejo de obter um estado alterado de consciência secundária a hipóxia enquanto se experimenta um orgasmo. As pessoas podem usar drogas (nitrito volátil ou óxido nitroso) para produzir hipóxia. A asfixia auto erótica também está associada a estados hipóxicos, mas deve ser classificada como uma forma de masoquismo sexual.
Outras parafilias:
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Agalmatofilia - é o nome atribuído à filia de uma pessoa que possui um apego ou admiração por estátuas.
O termo agalma (nominativo) deriva de agalmatos (genitivo) que, em grego, significa estátua. Filia, do ponto de vista etimológico purista, significa amizade, embora o sentido de filia dado pelos não-gregos seja de amante. O amor filia é de amizade, o amor sexual é eros e amante é erastes ou erasta. Portanto, quem tem desejo sexual desencadeado pela observação ou contato com estátuas, do ponto de vista etimológico purista, é um Agalmatoerasta.
Apesar disso, o termo filia introduzido na literatura médica psiquiátrica por eruditos alemães (cujo idioma pátrio não faz distinções entre os diferentes tipos de amor claramente definidos no idioma grego), estando consagrado no meio médico psiquiátrico ou psicanalítico como parafilia, o que em grego seria paraerastia.
Sendo assim, agalmatofilia é a parafilia desencadeada pela observação ou contato com estátuas.
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Agorafilia – é o desejo doentio (impulso incontrolável) pela prática do coito em lugares abertos, ou ao ar livre.
Distinções - A princípio, não é considerada uma parafilia em sua tradicional concepção, pois esta consiste em práticas para-sexuais, onde o coito propriamente dito não integra a manifestação de busca ao prazer.
Difere-se, também, do exibicionismo, pois o prazer na agorafilia não está relacionado necessariamente com a observação alheia, e sim com o local onde o sexo vem a ser praticado.
Conceitos Técnicos - Na Psiquiatria seu conceito é mais amplo, pois diz respeito a toda atração mórbida por espaços abertos, em contraposição ao estado fóbico da agorafobia.
Interessa ao Direito como possível forma de ato obsceno (conforme artigo 233 do Código Penal do Brasil), uma vez que a conduta é considerada indecente frente à moral pública, tratando-se, portanto, de um crime de baixo potencial ofensivo que pode levar o infrator a uma audiência perante o Juizado Especial Criminal.
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Agrofilia: excitação em fazer sexo no campo (mato).
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Aiquemofilia : Prazer pelo uso de objetos pontudos e cortantes.
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Amaurofilia: excitação da pessoa pelo parceiro que não é capaz de vê-la (não se aplica a cegos).
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Anemofilia: excitação sexual com vento ou sopro (corrente de ar) nos genitais ou em outra zona erógena.
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ATM (ass to mouth): prática em que o parceiro ativo, após o coito anal, leva seu pênis à boca da pessoa penetrada.
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BBW: atração por mulheres obesas.
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Bondage: prática onde a excitação vem de amarrar ou/e imobilizar o parceiro.
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Bukkake: modalidade de sexo grupal praticado com uma pessoa que "recebe" no rosto a ejaculação de diversos homens.
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Clismafilia: fetiche por observar ou sofrer a introdução de enemas.
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Coprofilia: fetiche pela manipulação de fezes, suas ou do parceiro.
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Coreofilia: excitação sexual pela dança.
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Crinofilia: excitação sexual por secreções (saliva, suor, secreções vaginais, etc).
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Crematistofilia: excitação sexual ao dar dinheiro, ser roubado, chantageado ou extorquido pelo parceiro.
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Cronofilia: excitação erótica causada pela diferença entre a idade sexo-erótica e a idade cronológica da pessoa, porém em concordância com a do parceiro.
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Dendrofilia: atração por plantas.
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Emetofilia: excitação obtida com o ato de vomitar ou com o vômito de outro.
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Espectrofilia: prática medieval que consiste na excitação por fantasias com fantasmas, espíritos ou deuses.
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Fetiche por balões: excitação ao tocar balões de látex (usadas em festas).
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Fisting: prazer com a a inserção da mão ou antebraço na vagina (brachio vaginal) ou no ânus (brachio procticus).
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Gerontofilia: atração sexual de não-idosos por idosos.
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Hipofilia: desejo sexual por equinos.
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Lactofilia: fetiche por observar ou sugar leite saindo dos seios.
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Lolismo: preferência sexual e erótica de homens maduros por meninas adolescentes.
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Menofilia: atração ou excitação por mulheres menstruadas.
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Nanofilia: atração sexual por anões.
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Nesofilia: atração pela cópula em ilhas, geralmente desertas.
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Odaxelagnia: fetiche por mordidas.
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Orquifilia: fetiche por testículos.
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Partenofilia: fixação sexual por pessoas virgens.
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Pigofilia: excitação sexual por nádegas.
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Pirofilia: prazer sexual com fogo, vendo-o, queimando-se ou queimando objetos com ele.
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Podolatria: fetiche por pés.
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Pogonofilia: fetiche por barba.
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Pregnofilia ou maieusofilia: fetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos.
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Quirofilia: excitação sexual por mãos.
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Sarilofilia: fetiche por saliva ou suor.
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Timofilia: excitação pelo contato com metais preciosos.
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Trampling: fetiche onde o indivíduo sente prazer ao ser pisado pelo parceiro.
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Tricofilia: fetiche por cabelos e pelos.
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Vorarefilia: atração por um ser vivo engolindo ou devorando outro. (esse é punk!)
Fonte: Compêndio de Psiquiatria
Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica
9ª edição
Benjamin James Sadock, M.D.
Virginia Alcott Sadock, M.D.
Artmed