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Psicopatia Infantil

É possível uma criança ser psicopata?

Uma criança não pode ser considerada psicopata com base no critério do DSM-IV, que deixa claro que o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Anti-Social só pode ser aplicado em indivíduos de no mínimo dezoito anos. Antes deste período, de acordo com certos comportamentos antissociais, a criança pode ser diagnosticada com Transtorno de Conduta. O cuidado do no uso do termo “psicopata” para crianças e adolescentes se justifica, tendo em vista o efeito estigmatizante que pode ter sobre o indivíduo. Isto é ainda mais forte em situação de confinamento a longo prazo em instituições totais (Fundação Casa, Manicômios Judiciários e prisões), que pressupõe um quadro comprometido. O diagnóstico de psicopatia é bastante amplo, e se tal diagnóstico pode ser considerado assim no meio adulto, a confusão torna-se ainda maior quando tratam-se de crianças. Karpman, psiquiatra e psicoperapeuta americano, criticava justamente a atribuição do diagnóstico aos casos em que o psiquiatra falhava em “curá-lo”. Ele afirma que o diagnóstico estava mais na dependência do sucesso ou insucesso do profissional do que no comportamento e atitude do paciente.

 

Dentre os psicanalistas que estudaram o desenvolvimento infantil, René Spitz ficou famoso por seu trabalho sobre o hospitalismo, a respeito dos possíveis precursores infantis da psicopatia. Realizou uma pesquisa com 366 crianças buscando correlacionar seis setores de personalidade com circunstâncias ambientais durante o primeiro ano de vida. Spitz chegou ao que considerou um perfil patognômico com retardamento do desenvolvimento dos itens relações sociais e habilidade manipulativa. Este perfil foi descoberto enquanto ele procurava investigar a hiperatividade motora. A associação feita em hiperatividade e Transtornos de Conduta é tida, hoje, como indicativo de uma alta possibilidade de se desenvolver o Transtorno da Personalidade Antissocial.

 

Spitz enfatiza que certos fatores emocionais se fazem presente na etiologia da psicopatia, quando relacionados com certas personalidades maternas específicas, que tornam a identificação possível por seus afetos contraditórios e inconsistentes que mudam muito rapidamente. Se esta for a personalidade da mãe da criança, a criança por sua vez desenvolverá a psicopatia mesmo que o lar não seja desfeito e nem existam longas separações maternas, o que explica a presença de psicopatas em famílias bem situadas economicamente. Uma outra possibilidade é que o ambiente da criança consista de uma série de figuras substitutas da mãe que se alternam rapidamente, e cujas personalidades variadas e contrastantes sejam para a crianças algo imprevisível. Segundo ele, o psicopata possui uma anomalia pela sua incapacidade de formar relações sociais, apresentando também pouca motivação e disciplina para tarefas que demandam esforço contínuo; em segundo lugar, o efeito da personalidade materna em seus aspectos imprevisíveis e contraditórios faz com que o estabelecimento de relações objetais permaneça retardada em um estágio narcísico, sendo direcionada para um objeto narcísico. Assim sendo, o investimento libidinal objetal e seu desenvolvimento ficariam prejudicados.

 

Como o diagnóstico de psicopatia é um tanto complexo, aqueles que convivem com uma criança que apresentam certas características devem procurar um auxílio psicológico para trabalhar com o transtorno. Algumas destas características são: mentiras frequentes, crueldade com colegas e irmãos, baixíssima tolerância à frustração, ausência de culpa ou remorso e falta de constrangimento quando pegos mentindo ou em flagrante. Os pais devem ficar em alerta caso essas características comportamentais ocorram de maneira repetitiva e persistente em crianças e adolescentes. É possível que os filhos apresentem transtorno de conduta e sejam candidatos à psicopatia quando se tornarem adultos.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SHINE, Sidney K. Psicopatia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

MORANA, Hilda et al. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. São Paulo: Revista

Brasileira de Psiquiatria v.08 supl. 02, 2006

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No link abaixo você encontra o perfil e história de algumas crianças que cometeram crimes de morte com padrão antissocial. Sabemos que o diagnóstico de Psicopatia só se confirma a partir dos 18 anos do indivíduo, mas características de personalidades como as que encontrarão aqui, podem garantir a suspeita.

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